A CARREGAR

Uma freguesia com identidade.

Macieira de Rates, localizada na bacia hidrográfica do rio Este, é uma freguesia com forte identidade cultural e essencialmente agrícola. O seu nome vem do latim Ratis, que significa remo, referindo-se à antiga vila de “San Pedro de Rates”.

Acredita-se que a freguesia tenha sido habitada desde o período megalítico, com vestígios arqueológicos encontrados na região. Embora não apareça no censual do Bispo D. Pedro do século XI, Macieira é mencionada em documentos posteriores, como doações de D. Afonso Henriques.

Ao longo dos séculos, a freguesia desenvolveu-se, com a construção da estrada EN306 e a chegada do caminho de ferro no século XIX, impulsionando o seu progresso. Macieira também teve um papel importante nas peregrinações de Santiago, sendo um ponto de passagem para os peregrinos. A população aumentou de 42 habitantes no século XVI para quase 1.000 em 1930.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a freguesia esteve envolvida na exploração de volfrâmio. A educação e a infraestrutura melhoraram, com a eletrificação da região em 1956, e a igreja paroquial continua a ser um marco central da comunidade.


Macieira de Rates
Macieira de Rates Macieira de Rates

Referências e Publicações

Explorando a História e o Património Local.

Macieira de Rates
Monografia de Macieira de Rates

História Local

  • Este livro oferece um estudo detalhado sobre a freguesia de Macieira de Rates, abordando sua história, tradições, e evolução ao longo do tempo, destacando a identidade cultural local.
  • José Adriano S. da Silva Araújo, 2014
Macieira de Rates
O Caminho de Santiago na Idade Média e o seu impacto em Barcelos

História / Cultura

  • Este livro explora a importância do Caminho de Santiago, com ênfase no seu impacto nas comunidades locais, incluindo Macieira de Rates, revelando a intersecção entre religião, cultura e desenvolvimento regional.
  • Henrique M. Carvalho, 2003
Macieira de Rates
Freguesias de Barcelos: História e Património

História Local

  • A obra apresenta uma análise das diversas freguesias de Barcelos, com um foco especial na sua história e património, incluindo Macieira de Rates, enriquecendo o entendimento sobre a herança cultural do concelho.
  • António Matos Reis, 1997
Macieira de Rates
Inventário do Património Cultural e Religioso de Barcelos

Património Religioso / História

  • Este inventário documenta o património cultural e religioso de Barcelos, incluindo Macieira de Rates, oferecendo uma visão abrangente sobre as práticas e a riqueza cultural da região.
  • Padre Luís Cardoso, 1758
Macieira de Rates
Barcelos: História, Arte e Património

História / Património

  • A obra analisa a história, arte e património do concelho de Barcelos, apresentando um olhar sobre a contribuição de freguesias como Macieira de Rates para a cultura e a identidade da região.
  • Luís Miguel Duarte, 2001
Macieira de Rates
Roteiro do Património Religioso de Barcelos

Património Religioso

  • Este roteiro detalha as principais igrejas e monumentos religiosos de Barcelos, incluindo Macieira de Rates, promovendo uma apreciação mais profunda do património espiritual e cultural da região.
  • António de Sousa e Silva, 2005
Macieira de Rates
Freguesias de Barcelos: História, Arte e Cultura

História Local / Cultura

  • A obra aborda a história e a cultura das freguesias de Barcelos, com um foco especial nas tradições e práticas locais, incluindo as de Macieira de Rates, contribuindo para o conhecimento da diversidade cultural do concelho.
  • Joaquim Fernandes Costa, 2010
Macieira de Rates
O Património Arqueológico e Artístico de Barcelos

Património Arqueológico / História

  • Este livro explora o património arqueológico e artístico de Barcelos, abordando descobertas importantes e monumentos que ajudam a entender a história da região, incluindo referências a Macieira de Rates.
  • Manuel Luís Real, 1999
Macieira de Rates
Dicionário Corográfico de Portugal Continental e Insular

Geografia / História

  • Um dicionário abrangente que oferece informações geográficas e históricas sobre várias regiões de Portugal, incluindo Macieira de Rates, sendo uma fonte valiosa para entender a configuração territorial e cultural do país.
  • Américo Costa, 1938
Macieira de Rates
O Concelho de Barcelos: Memórias e Património

História Local / Património

  • Este livro é uma investigação sobre as memórias e o património de Barcelos, com referências a Macieira de Rates, destacando a importância histórica e cultural das comunidades locais.
  • Carlos Gomes de Amorim, 1995
Macieira de Rates
A Lenda da Mulher Morta

Certo dia, no final da tarde, aproximava-se do Mosteiro de São Pedro de Rates um carro puxado por uma junta de bois. Os dois lavradores, pai e filho, pretendiam chegar ao nascer do dia à Feira de Barcelos, com os produtos que levavam no carro.
Ao passar junto de uma pequena estalagem, para dar de comer aos animais e beber uma malga de vinho, encontraram peregrinos que aí pretendiam pernoitar antes de se lançarem ao caminho de Barcelos e de Santiago. Como a noite caía, o estalajadeiro perguntou-lhes se ali dormiam e, perante a resposta negativa, avisou-os para terem cuidado em aventurarem-se de noite pelos caminhos que passavam no Alto da Mulher Morta. Curiosos, perguntaram o que de mau havia por aquelas paragens:
Logo Macieira Rates
- É carneiro preto que por lá aparece fora de horas. Um dia morreu ou por lá mataram uma mulher e desde então é sítio excomungado.
Os dois lavradores não eram medrosos e avançaram caminho noite dentro. Ao avistar o pinhal do desassossego, puseram-se em frente aos bois que começavam a dar sinal de inquietação. Metros andados, estacaram e por mais tentativas, simplesmente não se mexiam. De repente, viram o carneiro preto no meio do caminho, com pelo sedoso, escuro, narinas fumegantes e olhar fixo nos intrusos.
- E agora? - exclamou o filho.
- Não ouviste o vendeiro? Acalma-te, eu trato deste estafermo.
O velho lavrador bradou em voz forte:
“Água benta de sete bicas
Água de sete fontes
Sangue de sete galinhas pretas
Terra de sete sepulturas
Padre Nosso. Avé Maria”
Mal o velho acabou as últimas palavras, um enorme estrondo ribombou na pacatez do pinhal. O carneiro desatou à desfilada monte dentro e no ar ficou um cheiro a enxofre.
- Desta livramo-nos nós! - disse o pai – Com a bênção de Deus.
E seguiram para a Feira em Barcelos.
Na volta, construíram um tosco cruzeiro de pedra no local onde tudo tinha acontecido e, desde essa altura, nunca mais por ali apareceu o carneiro preto.
Artesanato e cultura local


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Espadeladas

Em Macieira de Rates, até cerca da década de 1950, era comum que todas as casas cultivassem linho, utilizado para confeccionar uma ampla gama de produtos, desde toalhas de mesa e guardanapos até camisas, roupas interiores, lençóis e cobertas de cama. O linho era uma parte essencial da vida cotidiana e das tradições locais.
Durante as festividades, especialmente na Festa das Cruzes, as raparigas solteiras se reuniam na eira, vestidas a rigor, para atrair a atenção dos namorados. Elas formavam um semicírculo e espadelavam, utilizando um espadeladouro de madeira, enquanto dançavam ao som de uma viola. Este cortejo etnográfico e folclórico era marcado por alegria e entusiasmo, com as jovens mostrando suas habilidades e encantando os presentes.
Enquanto espadelavam, a caneca ou a infusa de vinho passava de mão em mão, proporcionando mais força e animação à festa. Nesse contexto festivo, apareciam também os "máscaras", que se divertiam cortejando as raparigas com piadas e brincadeiras em vozes de falsete, criando uma atmosfera leve e divertida.
Quando a espadelada terminava, por volta da meia-noite, era servido um lanche que incluía bolo quente, bacalhau frito e o tradicional arroz de tomate. A festa continuava com danças e canções, incluindo o típico "S. João das Espadeladas", celebrando as tradições e o espírito comunitário da freguesia.
Malhadas de trigo

Segundo Manuel Ferreira de Araújo, as malhadas de trigo eram muito difíceis não só pelo pó que libertavam, mas também pelo calor que se fazia sentir. Os molhos de trigo eram entregues a um homem que os metia na malhadeira. À frente desta, estavam homens e mulheres em duas filas, com espalhadoira. No final da eira, havia outro grupo de pessoas para o transporte da palha para as serras ou medas, que servia de alimentação para o gado.
Ainda segundo aquele autor, durante a malhada não se cantava, por causa do ruído do motor, do pó e da dureza do trabalho. Todavia, falava-se muito e alto, havendo sempre qualquer peripécia.
Acabada ou a meio da malhada, havia a merenda, bolo quente, bacalhau frito, vinho e ameixas, sendo o divertimento geral.
Depois de todas estas operações, o trigo era joeirado ao limpador, ensacado, ficando pronto para a venda.

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O Traje

Fernanda Matos Cunha, em “Notas Etnográficas sobre Barcelos” (1932), foi uma das primeiras a estudar o traje feminino da região, descrevendo-o em detalhes: a vestimenta incluía camisa, colete de rabos, saia com barras, avental riscado, lenços e chinelas, com casacos curtos para o inverno. Em 1936, durante a Festa das Cruzes, a Comissão de Iniciativa de Turismo de Barcelos aprovou oficialmente o traje regional feminino, que consistia em saia de serguilha com avental e barra preta, colete de rabos bordado, camisa de gola larga e lenços característicos. Os acessórios incluíam joias como argolas, coração de chapa, cordões e borboletas, enquanto a filigrana era menos utilizada. Em Macieira de Rates, o traje variava conforme o status social e a condição econômica. Manuel Ferreira de Araújo descreveu o vestuário dos homens e mulheres no final do século XX:

Traje masculino de cerimónia: fato de caxemira, calças, casaco, colete e camisa de linho. No traje de trabalho, os homens usavam calças de teia, casaco de lã preta e camisa de estopa, com calçados de couro e chapéus.

Traje feminino de cerimónia: saia de matalasé, avental de armur, lenço de cetim e chinelos de verniz. No trabalho, as mulheres vestiam saia de estopa tingida de azul, avental riscado e colete, utilizando lenço vermelho e calçando socos.